terça-feira, 16 de setembro de 2014

POESIA:

UM INFELIZ COMO EU
A morte mata o sultão,
Arcebispo e cardeal,
Presidente, Marechal,
Ministro, conde, barão,
Em tempo matou Roldão
Como na história deu
O próprio Jesus morreu;
Mata tudo ó morte ingrata
Só não sei por que não mata
Um infeliz como eu.

Ela mata todo mundo
Branco, preto, rico e pobre,
Mata o potentado, o nobre,
Mata o triste e o vagabundo.
Matou Dom Pedro Segundo
Matou quem o sucedeu,
Capitalista e plebeu,
Mata tudo, não tem jeito
Mas não mata, por despeito,
Um infeliz como eu.

Não reserva o cientista;
Mata, sem dó o profeta,
Tirana, mata o poeta,
Mata o maior estadista;
Mata também o artista,
O cego, o mudo, o sandeu
Mata o crente e o ateu,
Diplomata e titular,
Mas, poupa, não quer matar,
Um infeliz como eu.

Ela mata no Senado
Como matou Rui Barbos,
Entra no Congresso airosa
Aí, mata um Deputado;
Matou Pinheiro machado
Dele não se condoeu
Ela jamais atendeu
Mata gente, mata bicho
Mas, não mata por capricho
Um infeliz como eu.

Autor: Moysés Sesyom
Caicoense, *28/07/1883

Assu + 06/03/1932.

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