quinta-feira, 25 de setembro de 2014

ARTIGO:

Literatura Potiguar 2014

Thiago Gonzaga
Se até o século passado a literatura norte-rio-grandense era conhecida principalmente pela sua tradição poética, é válido considerar que houve uma mudança significativa nesta virada do milênio. Explodem lançamentos das mais variadas vertentes em todas as esquinas da  nossa cidade, são inúmeros livros, da nova e  da velha geração literária potiguar.
Como exemplos dessa extraordinária safra, citarei alguns livros (somente os que li), publicados este ano, e que demonstram toda a pluralidade, variedade e riqueza das nossas letras.
 
Um trabalho que, recentemente, tive a honra de apresentar com um estudo introdutório, foi a nova edição de Chão dos Simples, do escritor e pesquisador Manoel Onofre Jr., uma  terceira edição  comemorativa dos 30 anos do primeiro lançamento da obra, que teve segunda edição nos anos 90 e virou peça de teatro pelas mãos do falecido ator e diretor Lenício Queiroga.  Outro livro bastante interessante é A Dançaria e o Coronel, de Aldo Lopes, livro de excelente qualidade literária, que segue a mesma linha do seu romance de 2005, O Dia dos Cachorros.
A área da crônica teve o retorno de Pablo Capistrano com A Grande Pancada, pelo selo Jovens Escribas, obra do gênero que ele domina muito bem,  em crônicas sobre o jazz.  Carlos Fialho lançou um livro irreverente na área, Cruvinel, Artilheiro dos Gols Perdidos. Gustavo Sobral publicou Petrópolis – Guia Prático, Histórico e Saboroso do bairro, livro de grande utilidade, principalmente para quem mora na capital.
A Sarau das Letras lançou um livro riquíssimo, Passo da Pátria- Um Lugar de Memórias, em que o autor, Carlos Magno de Souza, conta um pouco da história desse tradicional bairro natalense. Outra obra  de  alta qualidade é o romance autobiográfico Perdão, de Francisco Rodrigues da Costa, que relata uma fase da vida do autor de maneira muito interessante e dinâmica,  além de relatar um pouco do contexto do Estado no período dos fatos; um livro que vale a pena ler. David de Medeiros Leite e José Edílson Segundo organizaram a antologia Mossoró e Tibau em Versos, obra que contribui bastante para a literatura do Estado, principalmente porque nos últimos anos estamos carentes de antologias poéticas.
A CJA Edições, que tem publicado muita gente jovem, lançou obras interessantes como a novela A Imagem do Cão, estreia de Guilherme Henrique Cavalcante, de apenas 18 anos e o romance A Queda, um livro que promete muito, uma história criativa e inteligente do jovem Roniere Lopes, de 22 anos. Outra obra que vale a pena ler é Alguns Livros Potiguares, de Chumbo Pinheiro, contendo resenhas de livros potiguares, alguns clássicos, outros da novíssima geração. Brunno Soares (poesia), Edivan Silva  (marketing), e Kinha Costa (cronicas), também publicaram pela CJA, demostrando a pluralidade literária da novíssima editora.   Uma  valiosa contribuição para as nossas letras também foi dada por Alexandre Alves com   Poesia Submersa – Poetas e Poemas no RN. Publicada pela Editora Queima Bucha,  obra indispensável em qualquer estante de quem se interessa por poesia e literatura potiguar.
O  tradicional Sebo Vermelho, lançou uma coletânea de grande valor, Literatura RN – Livros Selecionados, de Anchieta Fernandes que dispensa apresentações. Nesse trabalho, Anchieta, que teve uma coluna no  Jornalzinho do Sebo Vermelho , nos anos 90,  resenhou grandes livros de gigantes da nossa literatura. Ainda tivemos o lançamento de A Filha de Gaia de Carol Vasconcelos, pioneira aqui no Estado em se tratando de literatura fantástica. A obra de Carol é extremante rica e criativa, digna dos mais altos louvores, se a autora morasse no sul do país, o livro dela já seria enorme sucesso, principalmente entre os jovens. O selo Caravela Cultural editou o livro Resma, do poeta e escritor Lívio Oliveira, que é, sem dúvida, pelo menos até agora, o melhor livro de poemas lançado em 2014 no Estado. Por fim,  a mais nova editora potiguar; Ler Mais, publicou mais um trabalho do escritor Marcos Medeiros, desta vez em parceria com  o poeta  pernambucano Carlos Aires,  Dois Poetas, Dois Estados  e um Balaio de Versos.  Obra simpática,  toda feita em forma de cordel. 
Bem, isso é só o começo.

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