quinta-feira, 14 de agosto de 2014

REMINISCÊNCIAS:

O COSMORAMA
No meu tempo de menino aportou em Assu um sujeito trazendo um Cosmorama. Foi um sucesso. A petizada alvoroçou-se. Aperriei muito os de casa para assistir a uma sessão. O Cosmorama é um aparelho em que se vê quadros, panoramas, vistas de cidades, pessoas importantes etc., tudo através de um instrumento ótico ampliativo.

Localizou-se o brinquedo em uma casa de propriedade de Abdias Picado, na antiga Rua Coronel Souto, hoje fazendo parte da Praça Getúlio Vargas, onde, completamente reformada, ali está fazendo esquina no beco para o Macapá.

Nessa época eram constantes os debulhamentos de feijão. para esse debulhamento reuniam-se várias pessoas. Acontece que um dos espectadores do Cosmorama, assim contam, teve que ir ao interior do município, ou melhor, à Várzea, e lá deparou-se com um ajuntamento. Era a debulha do feijão. Comunicativo, não se fez de rogado, tomou parte na função. Às tantas, meio prosista, deu com a língua nos dentes, falando nas belezas do Rio de Janeiro, na suntuosidade de Paris, na grandeza de São Paulo, em Roma, onde viu o Papa Pio X e quejandos. Um dos presentes, que conhecia o cidadão, indagou:

- Como é que você está falando nessas coisas, se você nunca saiu do Assu?

A resposta foi pronta:

- No Cosmorama!
Fonte: Assu da Minha Meninice - Francisco Amorim - 1982. Foto ilustrativa: www.topdesignmag.com

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