sábado, 25 de janeiro de 2014

HISTÓRIA DO ASSÚ

ECONOMIA PRIMÁRIA DO ASSÚ - CONCLUSÃO

Pecuária – As Charqueadas

Economicamente, o Assú também se diferenciou por desenvolver atividades de beneficiamento, como o semi-processamento do couro, e a feitura de carne seca, que viria a ser sacrificada em favor de grandes interesses regionais.
A Indústria da Carne Seca ou Charqueada surgiu na região do Assú e atingiu seu ápice por volta de 1740. Na comunidade de “Oficinas” (local próximo as atuais cidades de Carnaubais e Porto do Mangue) é montada grande estrutura nas “salinas” para salgar e estender carnes bovinas. Essa opção econômica foi fruto da agregação da atividade pecuária praticada na região, ao clima e a proximidade das salinas e do porto.

Nesse período, o Arraial possuía o maior rebanho do território Potiguar. Das 308 fazendas existentes na Capitania, 90 localizavam-se na Ribeira do Assú. Atividade comercial que abastecia de charque o Nordeste brasileiro. Vejamos o que diz a professora e pesquisadora Teresa Aranha sobre o tema:

“Paralelamente à luta pela própria terra, surge o sofrimento pela defesa das riquezas que privilegiam a região, como por exemplo, o sal, a carnaúba e as oficinas, lugares históricos do Rio Assú e Mossoró, onde fora instalada, na segunda metade do século XVIII, a indústria da preparação da carne seca e salgada, aproveitando-se a proximidade das salinas e abundância do gado bovino.
Localidades na foz do Rio, as oficinas de Assú motivaram a criação da mais antiga povoação do município, Oficinas”. (Aranha, 1987; 12).

No entanto, questões de ordem regional viriam sobrepor-se à dinâmica local e impedir a expansão dessa atividade. O governo do vizinho Estado de Pernambuco, tradicionalmente abastecido pelo gado vindo do Rio Grande do Norte, sentiu-se prejudicado pela indústria da carne seca, que resultara em diminuição no volume de exportação de gado para aquele Estado. Em 1784, o Governador de Pernambuco, em carta a Portugal, ressaltava que as charqueadas de Assú e Mossoró estavam prejudicando o consumo de carne verde em Recife e nos engenhos. Na verdade, estava em jogo o reflexo dessa mudança no volume de tributos recolhido. A venda do boi em pé rendia para Pernambuco um volume oito vezes maior de recolhimento de tributos à carne seca.

O fato do Rio Grande do Norte ser, à época, administrativamente dependente da capitania de Pernambuco, definiu-se a questão em favor daqueles interesses. Assim, depois de um breve período de polêmica discussão, o governador de Pernambuco termina por proibir o funcionamento das oficinas de Assú e Mossoró, de modo que os rebanhos do Rio Grande do Norte voltassem a ser comercializados vivos. (Fernandes, 1992; 16).

Em decorrência desta atitude o rebanho bovino foi minguando, outros projetos foram surgindo e o Assú não voltou a ocupar o ápice no setor pecuário estadual.  

Quem vê hoje a produção industrial da carne de charque jamais imagina tratar-se de um produto que teve suas raízes na região Nordeste do país.
Fonte: Assu - Dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro.
Foto ilustrativa.

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