segunda-feira, 7 de outubro de 2013

POLÍTICA

O patriarca do povo

COM 50 ANOS DE VIDA PÚBLICA E SEIS MANDATOS DE PREFEITO, CHIQUINHO GERMANO CRITICA A FORMA COMO SE CONQUISTA VOTOS HOJE EM DIA E ENSINA A QUEM PRETENDE TER VIDA LONGA NA POLÍTICA: "VISITE A FEIRA"
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Renato Lisboa - DO NOVO JORNAL
Se um político almeja permanecer no poder por longa temporada (por “longa”, entenda pelo menos 50 anos), é bom começar a ir a feiras frequentemente. A dica é de um homem público que adotou as suas idas aos tradicionais mercados informais como uma das práticas para ficar sempre perto do povo e entender melhor o que ele quer, criando a proximidade necessária para sustentar em alta o seu capital político. Ele é Francisco Germano Filho, o Chiquinho Germano, 83 anos, cujo grupo político ficou por cinco décadas comandando a Prefeitura de Rodolfo Fernandes (390 km ao oeste de Natal), a começar pelo mandato iniciado por ele em 1963. Rejeitando o rótulo de “coronel” – ele também é fazendeiro e fiscal de renda do Estado – Chiquinho conversou com o NOVO JORNAL antes de ser homenageado, na semana passada, pela Câmara de Vereadores de Natal, que celebrou o Dia do Auditor Fiscal.Foto: Eduardo Maia/NJ.
Eduardo Maia/NJ
Chiquinho Germano foi homenageado pela Câmara Municipal de Natal, em celebração ao Dia do Auditor Fiscal
Completamente lúcido e lembrando-se de datas importantes, Chiquinho costuma dar risadas infantis, em três tempos, quando lembra alguns casos, como quando ajudou um adversário político e, simples e com objetividade, é taxativo: a política atual “não presta”, porque quem não gasta dinheiro, não se elege. E, garante, nunca comprou nem admitiu que alguém de seu grupo político comprasse votos. “Nunca acreditei em ganhar o apoio de alguém com dinheiro. Até porque, tenho pra mim que quem se aproxima dessa forma, vai embora rápido também”, afirma.

Ele costuma dizer que está na política “desde que nasceu” porque o seu pai, Francisco Germano da Silveira, na década de 1920, foi prefeito (na verdade, “intendente”) de Luís Gomes. Faleceu quando Chiquinho tinha cinco anos de idade e, desde então, o menino foi criado pelo desembargador José Fernandes Vieira.

Por gravidade, Chiquinho foi enveredando na vida pública pelos caminhos tradicionais, a começar pela fundação do Centro Estudantil Mossoroense na década de 1940 e depois participando da campanha política de Dix-Sept Rosado, nos anos 1950, com apenas 20 anos. “Coincidência”, aponta Chiquinho, na mesma década ele tinha “uma certa ligação” com Dinarte Mariz e este lhe pediu para ajudar, no início da década seguinte, na campanha de Djalma Marinho. “Foi quando eu iniciei uma mobilização política, na então Vila Rodolfo Fernandes, onde morava a minha mãe”, conta.

Rodolfo Fernandes foi alçado à condição de município em 1962 e o primeiro prefeito, nomeado, foi João Câncio Vieira. Instituídas as eleições diretas, no mesmo ano, Chiquinho foi o primeiro prefeito da cidade e eleito democraticamente. Cumpriu o primeiro mandato até 1969 e elegeu sucessores, permanecendo três mandatos fora da prefeitura até vencer as eleições diretas de 1982. Ficou na principal cadeira do poder executivo municipal até 1996 e entrou novamente, cumprindo o mandato de 2001 até 2008. O balanço resulta em vitórias por 11 eleições seguidas do seu grupo político.

Novo Jornal: 06/10¹2013.

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