segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CONTO

O ELETRICISTA


- Pois não, o que deseja? – Pergunta o vendedor se aproximando da cliente.

- Quero uma lâmpada fluorescente. - Respondeu Norma ao vendedor que estava sobre o balcão da loja ELETROCASA. 

- Minha senhora, nós temos lâmpadas de vários tamanhos. – Mostrando as lâmpadas - Temos de 20, de 40, de 60... Qual o tipo que a senhora deseja levar? 

- Não tenho a menor ideia! – falou Norma passando a mão pelos longos cabelos.

Aproveitando a indecisão da cliente o vendedor perguntou:

- A senhora tem certeza de que é a lâmpada queimada? Porque pode ser também o reator ou o start com defeito... 

- E agora? O que faço? – pergunta Norma olhando nos olhos do vendedor. De súbito ela tem uma ideia. – Já sei! Como é seu nome?

- Daniel – respondeu o vendedor.

- Daniel, quando você sair do seu expediente à tardinha, por favor, passe lá em casa para ver o defeito. 

Norma retira da bolsa um cartão de apresentação e passa para Daniel. Ele verifica o endereço. 

- Tá combinado dona Norma, por volta das 18 horas estarei em sua residência. 

- Estou te esperando. Até mais tarde! – Disse Norma apertando-lhe a mão e saindo em seguida.

Daniel acompanhou com o olhar a saída da loja daquela mulher que aparentava menos de 25 anos de idade. O rebolado dos quadris era uma coisa impressionante. Formidável.

O endereço era próximo da loja, menos de um quilômetro de distância. Sua rota para casa quase não seria alterada. Parou em frente da casa. Lembrou que até pouco tempo naquele casarão moravam os anciãos: Eurides e Salete. Para melhor assistência aos velhos, os filhos e netos, mesmo a contra gosto do casal, levaram-nos para Natal.

No horário combinado Daniel tocou a campainha. Uma voz feminina gritou lá de dentro.

- A porta está aberta... Pode entrar! Aguarde aí na sala que estou saindo do banho. 

Daniel reconheceu a voz de Norma. Sentou-se em uma poltrona confortável e ficou a aguardá-la. Decorridos menos de cinco minutos, Norma chega à sala. O cheiro agradável de perfume francês tomou conta do ambiente. Ele se sentiu inebrio. Olhou-a dos pés a cabeça. Norma, quebrando o “gelo” falou:

- Boa noite! Seja bem vindo. O problema é na cozinha... Acompanhe-me! 

Ela saiu na frente e ele atrás, percorrendo o corredor de acesso à cozinha. Ela estava esplendorosamente sensual. Vestia um pequeno short jeans sem cós e sem ser cingido, mostrando propositalmente, parte da calcinha de cor lilás. A blusa branca masculinizada estava com os dois primeiros botões desabotoados, visivelmente percebia-se que ela estava sem sutiã. À altura do umbigo um nó unia as duas pontas da camisa. 

A cozinha estava iluminada por uma vela à mesa. Norma mostrou-lhe o local onde tinha uma escada. Daniel montou-a. Subiu. Para garantir sua proteção ela ficou segurando a base da pequena escada. Pela proximidade dos corpos, Norma pôde observar que Daniel tremia e que seu sexo estava deveras excitado. 

- Tenha cuidado! Não quero ver você acidentado. Falou Norma. 

Ele retirou a lâmpada e deu para ela segurar. Verificou que o start não estava na posição devida. Pegou a lâmpada de volta e a recolocou na base. A lâmpada acendeu. Norma num impulso, quase gritou.

- Já? Graças a Deus! Daniel, você é um anjo!

Daniel desceu lentamente a escada. Sua mão direita segurando o corrimão tocou entre os rígidos seios de Norma. Ela não afastou seu corpo um só milímetro. Parados, olhando olho no olho, ela perguntou.

- Quanto lhe devo?

- Nada. Afinal o defeito era só o start fora do lugar. - Respondeu ele. 

- Eu sabia. – Puxando-o para si - O que eu queria era você aqui. Venho lhe observando há dias. Só encontrei esta forma de me aproximar de você. 

Os dois se beijaram alucinados. Fizeram amor ali, ao pé da escada... Ouve-se o barulho de um veículo entrando na garagem. 

- Meu marido... Filho de uma puta, falou-me que só vinha amanhã! – Olhando para Daniel, visivelmente pálido - Corra!... Tem um cacimbão no quintal. Aguarde lá e depois dê um jeito de pular o muro. Até breve! 

Beijam-se rapidamente.

Rômulo entrou em casa e foi recebido por Norma com beijinhos.

- Amor, o que aconteceu? Você não disse que só vinha amanhã?

- Disse, mas resolvi tudo a tempo e vim dormir ao lado de minha amada... Estou doido para tomar um banho com água bem fria. Vou pegar no cacimbão

Rômulo desceu a lata três vezes para colher a água. Tomou banho ali mesmo, ao redor do cacimbão. Entrou em casa. Fechou a porta da cozinha. 

Daniel com 19 anos de idade nunca tinha descido num cacimbão. Subia em poste com imensa facilidade, mas descer cacimbão nunca tinha imaginado. Mas... Tinha valido a pena... Saiu. Procurou com cuidado um local para pular o muro que era bastante alto. Com muito esforço conseguiu. 

- Um ladrão! Pega o ladrão! Pega o ladrão!... – Gritou um transeunte.

Os vizinhos saíram à rua para observarem o que estava acontecendo. Norma intimamente sorriu satisfeita. Tinha sido uma experiência gratificante... Inesquecível.

Fonte: Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro
Fotos: Ilustrativas.

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