quarta-feira, 11 de setembro de 2013

BRINCADEIRAS DE OUTRORA

Lembro-me que até finais dos anos setenta, antes da aparição maciça da televisão, existiam diversos tipos de brincadeiras executadas por crianças nas tranquilas ruas da cidade do Assu. 

Muitas destas brincadeiras despertavam para a violência, já que dependia de demonstrações de habilidade e força física.

Um exemplo era a Queda de Corpo. Duas crianças ou adolescentes se atracavam com “unhas e dentes”, um tentando dominar o outro. Ao rolarem ao chão, só depois de pronunciada a palavra chave: “to rendido” ou quando não tivesse condições de falar tocasse uma das mãos no chão, é que era liberado o perdedor. Muita gente saia machucado desta brincadeira.
Uma não menos violenta, era a Queda de Braço – Havia de diversas modalidades. 'Mão com mão', 'cana com cana', 'mão com cana', 'rabo de tatu', 'dois dedos', 'mão aberta', 'queda enrolada'.

Consistia num "esporte" demonstrativo de força, praticado por duplas. Os participantes apoiavam uma das mãos na mão correspondente do outro e as enlaçavam com os dedos, apoiando os respectivos cotovelos em lugar determinado de uma mesa. Daí cada qual procurava levar a mão do adversário ate o plano da mesa sem remover o cotovelo da marca inicial. 

As outras modalidades acompanhavam o mesmo ritual, do seguinte modo: 
Cana com Cana era praticada com os pulsos dos contendores dobrados na articulação com as mãos; 
Mão com Cana - era a vantagem dada pelo mais forte que pegava o pulso do outro com a mão;
Rabo de Tatuera a permissão do uso do dedo indicador da outra mão de um dos combatentes, que assim, lutavam com esse reforço; 
Dois Dedos - era quando, como reforços, se usavam dois dedos;
Mão Aberta – era o enlace das duas mãos sem recorrer a qualquer contração muscular do antebraço;
E, a Queda Enrolada - era o enlace das mãos com o emprego máximo de rigidez muscular do braço e antebraço.

Para garantir o cumprimento das regras sempre tinha uma turma que controlava a brincadeira. Era escolhida uma pessoa mais adulta para determinar o vencedor, uma espécie de juiz de cada disputa. 

A coisa pegava mesmo era quando o sujeito ganhava e ficava chateando o perdedor. Geralmente saiam daquele recinto onde estava ocorrendo à disputa e terminavam jogando tapa no meio da rua. Ai sim, era tirado a prova dos nove: quem era mais forte. 

Estas, apesar de violentas, são algumas brincadeiras que já não se tem notícias de seu uso nos dias atuais, pelo menos, na região do Assu.

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